Educação profissional é caminho para adolescente em
conflito com a lei
A instrutora Rosivalda
Sousa, do curso de panificação, diz que os jovens atendidos pela Fasepa demonstram grande interesse em aprender o novo ofício
09/05/2015
Com a
expectativa de entrar no mercado de trabalho e seguir por um caminho longe da
criminalidade, um adolescente de 16 anos participa da primeira turma de
panificação deste ano, oferecida no Centro Socioeducativo Masculino (Cesem), em Belém. “Desde a semana passada já aprendi a
fazer um monte de coisa, como pão, pastel e pizza. Quando sair daqui, quero
procurar um emprego na área e tentar mudar de vida”, disse o jovem, durante
aula em que aprendia a produzir pão de rosas.
As atividades
também são desenvolvidas em outras cinco unidades da Fundação de Atendimento
Socioeducativo do Pará (Fasepa), em parceria com a
Secretaria de Estado de Assistência, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), oferecendo ao jovem que cumpre medidas de
internação a oportunidade de aprender um ofício e entrar no mercado de trabalho
após sair das unidades.
A produção de
massas – de pães, doces e salgados – é variada no curso de panificação. A
instrutora Rosivalda Sousa pela primeira vez
desenvolve uma atividade para adolescentes que cumprem medidas de internação e
destaca a vontade e interesse deles em aprender, sendo capazes de produzir a
própria renda.
“Já tinha
ministrado cursos para todo o tipo de público, e aqui tem sido uma experiência
gratificante. Lá fora as pessoas se interessam pela atividade, mas não é como
eles, que se doam mais, desde a produção de massas até na hora de lavar a
louça. Quando saírem daqui, eles terão a oportunidade de gerar a própria renda,
tanto dentro do lar quanto arranjando um novo emprego. Assim como melhorei a
minha vida com esse trabalho, eles também podem melhorar, e eu creio muito
nisso”, disse.
A oportunidade
de participar da oficina nas unidades também é estendida aos monitores e
técnicos da Fasepa, garantindo uma relação de
confiança entre os servidores e os socioeducandos. A
monitora Claudete da Silva, que participa da oficina de panificação ao lado dos
adolescentes, diz que também pretende seguir nessa área. “Aqui é um ambiente de
que eu gosto e acho que estou no lugar certo. Os adolescentes estão focados em
sair daqui, exercer essa função e mudar de vida, e isso é muito importante”,
declarou.
Aprendizado – A
panificação é apenas uma das diversas atividades profissionais desenvolvidas
nas unidades socioeducativas. No mês de abril, foi firmada uma parceria entre Fasepa, Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 8ª Região e
Tribunal de Justiça do Estado (TJE) para levar cursos profissionalizantes para
adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em meio aberto, além da
possibilidade de eles serem encaminhados para o mercado de trabalho na função
de jovem aprendiz.
Segundo o
presidente da Fasepa, Simão Bastos, a parceria com
diversas instituições pode contribuir com a capacidade do socioeducando em
criar a própria renda. “Grande parte das transformações se dá na
profissionalização, e por conta disso estamos trabalhando esse desenvolvimento.
Temos uma parceria efetiva com a Seaster, com cursos
e oficinas de panificação, e entrando em acordo com o Cred
Cidadão para, posteriormente, os meninos e meninas sendo capacitados, tenham a
possibilidade de serem apoiados em empreendimentos próprios no futuro”, frisou.
Segundo a juíza
titular da 2ª Vara do Trabalho, Vanilza Malcher, a parceria faz parte do programa de erradicação do
trabalho infantil no Pará, além de garantir mecanismos capazes de preparar o
jovem para o mercado de trabalho, após cumprir as medidas socioeducativas.
“Esta ação tem o foco na aprendizagem, já que ao mesmo tempo em que somos
contra o trabalho infantil na idade em que a lei não permite trabalhar, somos a
favor do trabalho na forma da lei, que é a partir dos 14 anos de idade na
condição de aprendiz. A parceria com a Fasepa é
relevante no sentido de que estaremos contribuindo para a ressocialização
e transformação de vida do adolescente, para que ele possa mudar a vida e saia
de um caminho que não queremos para ele”, explicou.
Para o juiz da
4ª Vara da Infância e da Juventude, Wanderlei Oliveira, a profissionalização
representa a segunda chance para o adolescente que cometeu algum tipo de ato infracional e a garantia de ressocialização
por parte do Estado. “A profissionalização é a ancora para a implementação
da socioeducação. É uma ponte que faz esse adolescente se preparar para o
mercado de trabalho e alargar as fronteiras da própria concepção de vida.
Quando o jovem encontra uma sociedade que lhe estende a mão, começa abrir as
fronteiras e horizontes e percebe suas potencialidades e desenvoltura. Isso é
fundamental”, observou.
Fonte: http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=112334