O Povo, 11/02/2004 - Fortaleza CE

E o ensino médio?

Ivonete Maia

 

Há uma constatação, em meio a tudo que se diz, se fala e se afirma, a propósito de políticas educacionais a serem deflagradas ou fortalecidas: o ensino médio é o grande ausente no conjunto de medidas concretas acenadas para a melhoria do sistema de educação básica. Na verdade, o ensino fundamental teve sua relevância construída, nos últimos seis anos, a partir da institucionalização do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef), já consolidado. A educação infantil, responsabilidade a ser honrada pelos municípios, tem lá suas deficiências, suas carências, seus desafios. Deficiência, carência e desafio maior representados, notadamente, pela formação e qualificação dos professores e pela limitação dos espaços destinados às crianças. E, chegamos ao ensino médio, hoje só atribuição dos estados, cujas dificuldades para dar-lhe eficácia parece de lenta superação. Sei, há unidades públicas de ensino médio de reconhecido valor, mas ainda é pouco para o que se quer desse nível de escolarização. Não nos envaideçamos com as exceções, queremos a melhoria real, demonstrada pelo sucesso dos que o concluem, favorecendo o ingresso em cursos técnicos e na universidade. De outra parte, o que não se quer mais são os espantos dos que    concluem o ensino médio e têm como indagação crucial: o que vou fazer? É a pergunta que fazem e não têm resposta.

 

No Ceará, há escolas do ensino médio a exigir melhorias urgentes e necessárias. A Secretaria da Educação Básica sabe das necessidades prementes e se debate com a limitação de recursos humanos e financeiros, indispensáveis para os avanços tão aguardados, tão prometidos. Já se esperou tanto! Vive-se, ao que parece, uma situação peculiar: a União reduz a transferência de recursos e o estado se fragiliza, frustrando os melhores planos e contrariando as melhores intenções. Até quando?