DPU quer recolher livro que defende fala coloquial
30/05/2011
A Defensoria
Pública da União no Distrito Federal (DPU-DF) entrou com uma ação na Justiça
Federal para que sejam recolhidos das escolas públicas os 485 mil exemplares do
livro "Por uma Vida Melhor". A obra defende que o uso da língua
coloquial - ainda que com seus erros gramaticais - é válido na tentativa de
estabelecer comunicação. "Você pode estar se perguntando: 'Mas eu posso
falar os livro?'. Claro que pode", diz um trecho.
Segundo o livro, caso deixem de lado a norma culta, os alunos podem sofrer
"preconceito linguístico". "Fique
atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de
preconceito linguístico. Muita gente diz o que se
deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para
a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas".
Para o
defensor público federal Ricardo Salviano, questões
de sociolinguística não devem ser discutidas dentro
da sala de aula. "Escola é lugar onde se deve ensinar a norma culta. Se
você diz que falar errado é aceitável, está prestando um desserviço à
sociedade", critica.
Uma comissão formada por professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) aprovou "Por uma Vida Melhor". Ao todo, 4.236 escolas escolheram o livro, a partir de informações que constavam no Guia do Livro Didático. "Quem define as políticas públicas educacionais é o MEC, que tem responsabilidades, sim, sobre qualquer material encaminhado às escolas e financiado com verba federal", afirma Salviano. Na semana passada, o ministro da Educação Fernando Haddad disse que houve "uso político" do episódio. "A quase totalidade das pessoas que criticaram o livro não o leram. Fazer uso político para atacar o Ministério e colocar essa profissional (Heloisa Ramos, uma das autoras) numa situação completamente injusta não me parece o caminho mais adequado pra discutir educação", disse Haddad. O MEC não pretende recolher o livro.
Folha Online