“Desmonte” da literatura incentiva
hábito da leitura em escola baiana
04/06/2014
Professora de língua portuguesa e
literatura brasileira no Colégio Lauro Farani
Pedreira de Freitas, no município baiano de Iaçu,
Elisabeth Amorim incentiva o hábito da leitura e sempre busca novas ideias para
estimular os alunos a apreciar a atividade. Assim, para combater a resistência
dos estudantes em relação à leitura, ela resolveu promover oficinas, na sala de
aula, para “desmontar” a literatura. “Isso significa dizer desconstruir o
texto, mudando de uma série discursiva para outra”, explica Elisabeth.
Segundo ela, os alunos passaram a
transformar contos ou romances em charges, bilhetes, cartas, cartazes, cartuns,
histórias em quadrinhos ou grafites em tamanho gigante. Os registros tiveram
início em 2007. “Vejo tanta riqueza na produção desses estudantes que não
consigo desistir de investir em uma educação de qualidade”, afirma.
Depois da criação do projeto Arte
no Muro, pela coordenadora pedagógica Simone Lima Aragão, em parceria com os
professores de arte, para valorizar os talentos da escola e permitir a
estudantes de todas as séries e turnos expressar os dons artísticos, Elisabeth
resolveu contribuir com o
subprojeto Literatura é Arte! Com a colega Tânia Menezes, que também leciona
literatura, ela passou a levar os alunos ao muro da escola para a desmontagem
da literatura. Obras como Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado, e Vidas
Secas, de Graciliano Ramos, além de livros de Monteiro Lobato, foram para o
muro da escola, transformados em grafite.
O trabalho era precedido pela
leitura de romances e contos, discussões e desmontes literários na sala de
aula. Os estudantes também passaram a produzir anúncios gigantes, relacionados
às obras literárias, e a espalhá-los nas paredes da escola. Para Elisabeth, era
uma forma de aumentar a procura pelos livros anunciados e conquistar leitores.
“Sou tão apaixonada pela literatura produzida pelos estudantes que criei uma
revista para socializar as produções, a Perfil, revista literária do Lauro Farani”, revela a professora.
A revista, publicada de 2007 a
2011, voltada para a literatura desmontada, atende a todas as áreas e mudou o
nome para Perfil: o Lauro em Foco. “Todos os resultados são significantes, pois
a literatura desmontada dos estudantes do Colégio Lauro Farani
ganhou a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) com a
minha pesquisa de mestrado em crítica cultural”, diz a professora.
Única escola de segundo grau na
cidade, a instituição, sob a direção da professora Ivanilza
Queiroz, atende a aproximadamente 1,3 mil alunos nas modalidades ensino médio
regular, técnico em agropecuária e Programa Nacional de Integração da Educação
Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e
Adultos (Proeja).
Palavras-chave: ensino médio,
leitura, literatura