Desemprego entre jovens é 3,2 vezes maior que entre adultos
Rio de Janeiro é o Estado onde há mais jovens desempregados (26%);
dados foram levantados pela OIT e Conjuve
quarta-feira, 1 de julho de 2009, 18:53 | Online
Gustavo Uribe - Agência Estado
SÃO PAULO - A taxa de desemprego entre jovens no Brasil é 3,2 vezes superior à registrada entre adultos, apontou nesta quarta-feira, 1º, o relatório "Trabalho Decente e Juventude no Brasil", organizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em parceria com o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve).
Por meio da
análise de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de
2006 e atualizados em 2008, o levantamento constatou que o índice de desemprego
entre brasileiros de
A taxa é mais do que o triplo da constatada entre adultos de 25 anos ou mais, de 5,6%. Outro dado também registrado pela pesquisa é que a porcentagem de jovens desempregados responde por quase metade da população economicamente ativa que procura por emprego: 3,9 milhões (ou 49,1%) dos 8 milhões de desocupados.
Em relação a
dados anteriores do IBGE, colhidos desde
O relatório observa que a taxa de desemprego entre os jovens é agravada por variáveis como sexo e raça. Entre as mulheres, a desocupação chega a 23%, porcentagem superior aos 13,8% observados entre os homens. Já entre os homens que se reconhecem como brancos a taxa é de 18,7%, inferior à observada entre os que se dizem negros (23%).
Quando sobrepostos esses dois fatores, a desigualdade é ainda maior. A porcentagem de desemprego entre homens brancos chega a 12,6%, quase a metade da observada entre mulheres negras (24,7%). Os pesquisadores da OIT apontam que o maior déficit de emprego entre essa população é justificado pela discriminação social de que as mulheres e os negros são vítimas.
Os analistas
ainda observam que as maiores taxas de desocupação entre jovens estão nas
regiões Sudeste (20,3%), Centro-Oeste (17,7%) e Nordeste (16,7%). Quando
levadas em conta as unidades da Federação, o desemprego juvenil é mais elevado
no Rio de Janeiro (26%) e no Distrito Federal (25,6%). As menores taxas foram
registradas no Piauí (8,6%) e
Além da maior incidência de desemprego entre os jovens, o relatório da OIT constatou que quase um terço dos profissionais da faixa etária entre 15 e 24 anos não têm carteira de trabalho assinada (31,4%). A informalidade entre a mão-de-obra jovem é mais de duas vezes superior à registrada entre os adultos (14,1%). De acordo com o estudo, a maior frequência de emprego sem carteira assinada entre os jovens se deve ao fato da maior parte estar empregada em micro e pequenas empresas, onde é maior a parcela de informalidade.
Causas e Soluções
Para a OIT, a maior incidência de desemprego entre os jovens se deve às transformações econômicas e sociais pelas quais o País passou nas décadas de 80 e 90, como o baixo ritmo de crescimento econômico e a desestruturação do mercado de trabalho.
O relatório ainda observou que a tendência à demissão é mais comum entre os jovens pelo hábito da faixa etária de deixar seus postos de trabalho com mais frequência do que os adultos, uma vez que costumam ter menos responsabilidades a cumprir com família e agregados. Ele ainda mostra que, embora o crescimento econômico seja uma condição necessária para a redução do desemprego juvenil, não é condição suficiente. São necessárias também políticas específicas voltadas para melhorar o padrão de inserção dos jovens no mundo do trabalho.
O estudo propõe como solução para o problema maior investimento na escolarização e qualificação dos jovens por meio de programas governamentais. Ele cita como exemplo o ProJovem Urbano e o ProJovem Trabalhador, ambos do governo federal.
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/economia,desemprego-entre-jovens-e-32-vezes-maior-que-entre-adultos,396327,0.htm