Hoje em Dia, 29/11/2003 - Belo Horizonte MG

Cursos técnicos e tecnológicos

Aluísio Pimenta

 

Todos os cursos profissionalizantes são muito importantes, mas devem ser bem definidos para não causarem distorções em suas atividades. É necessário ter muito cuidado para caracterizar o nível, a função, a atividade a ser exercida pelas pessoas que se graduam nos diferentes cursos técnicos ou tecnológicos. A duração destes cursos é de, normalmente, dois anos, e para o ingresso nos mesmos é exigido o ensino médio completo. A denominação 'técnico e tecnológico' não deve ser aqui tomada no sentido que os mesmos compreendem unicamente as matérias técnicas ou tecnológicas. Apesar da designação, eles abrangem todos os setores do conhecimento humano. Daí, comumente também serem chamados de cursos de carreiras curtas. Os conselhos profissionais regulamentam a atividade destes profissionais e o grau de responsabilidade de cada um. Estes cursos, especialmente nos Estados Unidos, no Japão e em alguns países da Europa, são oferecidos por escolas públicas. Os norte-americanos têm  acesso aos cursos profissionalizantes através dos chamados community colleges, com duração de dois anos e atingindo dezenas de profissões em diversos campos da atividade humana. Os community colleges, algumas vezes também chamados de junior colleges, são oferecidos pelos counties - expressão traduzida para o português como condados. Os counties correspondem a divisões geográficas maiores que nossos municípios e dispõem de autonomia, inclusive na cobrança de impostos e taxas. Isto lhes permite financiar a educação básica e os cursos profissionalizantes. As vantagens dos cursos profissionalizantes são inúmeras, desde permitir a formação de mão-de-obra competente e especializada até servir de alternativa para os jovens que terminam o ensino médio. Nos Estados Unidos, os alunos podem posteriormente, se o desejarem, transferir os créditos adquiridos nestes cursos para outros correspondentes de nível universitário. Isto não ocorre no Brasil. Aqui os estudantes também têm dificuldades para ingressar num curso  técnico ou tecnológico público. O problema é que nos Centros Federais de Ensino Tecnológico (Cefets), os alunos dispõem de poucas alternativas, permanecendo praticamente nas carreiras tecnológicas. Os Cefets não atingem, por exemplo, as áreas da saúde e das leis. Contamos, ainda, com as escolas agrícolas federais, de bom nível, mas em número insuficiente para a demanda do interior. É, sem dúvida, uma grande falha do sistema brasileiro de educação. Esta lacuna representa uma das grandes distorções do Brasil. Poderíamos formar profissionais qualificados para colaborar com as equipes de trabalho juntamente com os profissionais de nível superior. No caso da enfermagem, por exemplo, as enfermeiras necessitam de colaboradores, auxiliares ou técnicos de enfermagem, para organizarem equipes de assistência à saúde. Além disso, num país em que o custo de uma faculdade é escandaloso, os cursos profissionalizantes representariam uma alternativa profissional.