Criticar obra sem ler é fascista, diz Haddad sobre livro didático
01/06/2011
Ministro da Educação ataca críticos de livro que afirma que é
possível falar fora da norma culta. Segundo Fernando Haddad, Hitler e Stálin
fuzilavam os inimigos, mas Stálin lia os livros antes de fuzilá-los
Criticar uma
obra sem ler é uma postura "fascista", disse ontem o ministro
Fernando Haddad (Educação) ao comentar críticas ao livro "Por uma Vida
Melhor". Distribuída pelo Ministério da Educação a 4.236 escolas de
educação de jovens e adultos, a obra causou polêmica ao dizer que, em
determinados contextos, é possível falar fora da norma culta. Trecho sobre a
diferença da linguagem oral e escrita diz: "Você pode estar se
perguntando: "Mas eu posso falar os livro?".
Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o
risco de ser vítima de preconceito linguístico".
CERTO X ERRADO
- Os defensores da obra dizem que não há "certo" e "errado"
em linguística,
mas sim "adequado" ou "inadequado" ao contexto: em entrevista
de emprego, o correto seria usar a norma culta, mas isso não necessariamente
aconteceria em uma conversa informal. Já os críticos defendem que a escola
ensine apenas a norma culta, essencial para o aluno ascender socialmente.
STÁLIN - Durante audiência na Comissão de Educação do Senado, ontem, Álvaro Dias (PSDB-PR) questionou o ministro sobre o tema e disse que até o ditador soviético Josef Stálin (1878-1953) defendia a norma culta. Haddad respondeu que os críticos da obra distribuída pelo Ministério da Educação, em sua maioria, não a haviam lido e voltou a citar o ditador soviético. "Há uma diferença entre o Hitler e o Stálin. Ambos fuzilavam seus inimigos, mas o Stálin lia os livros antes de fuzilá-los. Estamos vivendo, portanto, uma pequena involução, estamos saindo de uma situação stalinista e agora adotando uma postura mais de viés fascista, que é criticar um livro sem ler." O ministro fez o seu mestrado sobre o caráter socioeconômico do sistema soviético na USP. Haddad afirmou ainda que diversos estudiosos do tema defenderam a obra distribuída pelo MEC, incluindo o diretor-executivo do Instituto FHC, Sérgio Fausto. Na semana passada, a Defensoria Pública da União no Distrito Federal entrou com uma ação pedindo o recolhimento da obra.
DE BRASÍLIA / DE SÃO PAULO
Folha de São Paulo