Conferência da Unesco discute situação dos 700 milhões de analfabetos no mundo

Amanda Cieglinski da Agência Brasil em Brasília

Portal UOL Educação, 01/12/2009

 

Belém recebe a partir desta terça-feira (1) representantes de 190 países para discutir a educação de jovens e adultos no mundo. Cerca de 2 mil pessoas são esperadas para a sexta edição da Confintea (Conferência Internacional de Educação de Jovens e Adultos). O evento é convocado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) a cada 12 anos e pela primeira vez ocorre no Hemisfério Sul. A última Confintea foi realizada em Hamburgo, na Alemanha, em 1997. Para o especialista da Unesco em educação de jovens e adultos, Timothy Ireland, houve avanços nos últimos 12 anos, mas ainda é preciso melhorar a questão do financiamento das políticas de ensino voltadas para esse público. "Temos a necessidade de avançar da retórica para a ação. Esperamos que Belém realmente marque uma nova fase com relação à educação  de jovens e adultos em termos de investimento, financiamento, legislação e políticas públicas", disse à Agência Brasil. Quarenta ministros de Educação estão confirmados para o evento, inclusive Fernando Haddad. Segunda dados da Unesco, há 774 milhões de adultos analfabetos em todo o mundo. Três quartos desse total concentram-se em 15 países, entre eles o Brasil. Na avaliação de Ireland, os países da América Latina concentraram-se muito nos últimos anos em campanhas de alfabetização, mas não pensaram na educação de jovens e adultos de forma continuada.

"Isso não é suficiente. Precisamos de políticas que incluam a alfabetização, mas pensem na sua continuidade. Em vários países da América Latina, como a Venezuela, Bolívia, o Equador,   Paraguai e Brasil, houve um investimento grande", destacou. O Brasil tem hoje 14,2 milhões de pessoas com mais de 15 anos que não sabem ler e escrever, o que equivale a 10% da população dessa faixa etária. Entre 2007 e 2008, a redução da taxa foi de apenas 0,1%. Segundo Timothy Ireland, os maiores avanços desde a última Confintea foram em países europeus, especialmente na Inglaterra. "Na Europa tem-se investido bastante na educação de adultos, com destaque muito grande para a formação profissional. Eles consideram que esse investimento não é só na educação, mas tem impactos na competitividade econômica da Comunidade Européia", afirma. A Confintea é organizada pela Unesco em parceria com o MEC (Ministério da Educação) e o governo do Pará. As atividades seguem até sexta-feira (4).