Conae - Educação de jovens e adultos foca na permanência escolar

Ascom MEC

Correio Braziliense, 30/03/2010 - Brasília DF

 

 

Uma educação para jovens e adultos que contemple as características para que eles voltem ao ambiente escolar foi tema de discussão da Conferência Nacional de Educação (Conae) nesta terça-feira, dia 30. Entre as necessidades dos alunos foram citados o horário especial e reduzido, livros adequados à idade dos alunos, merenda reforçada e formação de professores para a educação de jovens e adultos.

O painel foi aberto com o relato do agricultor Alzerino Martins dos Santos. Pai de seis filhos, morador de Extrema, no interior de Rondônia, município que acabe de ser emancipado. Como mora no campo, as escolas mais próximas são de difícil acesso, sobretudo para uma de suas filhas, que têm Síndrome de Down. A solução que ele encontrou foi construir, junto  com seus quatro filhos homens, uma escola em sua própria chácara e doá-la a prefeitura. Assim, além de seus seis filhos, 25 crianças das chácaras vizinhas puderam estudar. Com a escola pronta, 15 adultos quiseram voltar a estudar. “Mas a professora só queria ir nos dias de aplicar provas e eu queria que ela me ensinasse o conteúdo. Me senti expulso da escola que eu mesmo construí”, relatou o agricultor.

Universidades - O papel das universidades na formação de docentes preparados para a realidade da Educação de Jovens e Adultos no país também foi debatido. “Analisei 31 currículos de cursos de universidades federais de licenciatura em letras e ciências biológicas e não encontrei nenhuma matéria voltada para a área”,   argumentou Sérgio Haddad, debatedor da mesa.  Professor da Universidade Católica e também de jovens e adultos na rede pública, o carioca Élcio da Silva pediu mais dinheiro para a área. “Aos que tiveram menos oportunidades, devem ser oferecidos mais recursos”, argumentou. Alzerino concorda. “Tenho medo de meus filhos terem ainda menos oportunidades do que eu”, disse. Uma das iniciativas elogiadas na ocasião foi o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação Jovens e Adultos (Proeja). Uma das ações do programa é a criação de material didático próprio, para pessoas com mais de 18 anos de idade que completaram o ensino fundamental e agora cursam o ensino médio integrado ao ensino profissionalizante.