Colégio critica Enem e diz que ação social afetou nota na prova

À noite, São Luís dá aulas a estudantes carentes do ensino médio; instituição ficou em 75º lugar no exame do MEC. Escola diz que, se levar em conta só as notas dos alunos da manhã, que pagam R$ 1.200 mensais, ficaria entre as 20 melhores de SP

RICARDO WESTIN DA REPORTAGEM LOCAL

Folha de São Paulo, 05/04/2008 - São Paulo SP

Os pais dos alunos do colégio São Luís já sabiam que a instituição, apesar de ser uma das mais conceituadas de São Paulo, não apareceria no ranking de melhores escolas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), divulgado anteontem pelo Ministério da Educação. Assim que os estudantes começaram a receber em casa suas notas no Enem, cerca de um mês atrás, a direção procurou os pais para explicar que o resultado geral do São Luís seria prejudicado por um programa social do próprio colégio. Durante a noite, a escola oferece o ensino médio (antigo segundo grau) a alunos pobres. Todos têm bolsa de estudo. Como a maioria estudou a vida inteira em escola pública e precisa trabalhar durante o dia, o desempenho deles no Enem fica longe do alcançado pelos alunos do período diurno. Os dois grupos fazem as provas juntos, o que puxa a nota geral do São Luís para baixo.

"Esses índices geram um desconforto na instituição, porque não refletem a riqueza dos trabalhos que fazemos aqui", diz Laércio Carrer, um dos coordenadores do São Luís. No ranking dos colégios particulares da cidade, o São Luís apareceu em 75º lugar, com 69,1 pontos. Em primeiro, o colégio Vértice teve 81,67 pontos. "Esse ranking nos traz complicações, gera mal-estar", queixa-se o assessor pedagógico do São Luís, Laez Fonseca. De acordo com ele, os pais dos alunos sabem por que a escola teve um desempenho razoável no Enem, mas a sociedade, em geral, não -o que pode prejudicar a imagem da escola.

A Folha procurou o Ministério da Educação para comentar, mas não teve resposta. Por conta própria, a partir da nota individual dos alunos, o São Luís obteve a nota do ensino médio noturno e a do diurno. Se fossem uma escola à parte, os estudantes da noite teriam obtido nota 65,39. Os alunos do dia teriam tirado 73,45. Esta última nota colocaria o São Luís entre as 20 escolas de São Paulo mais bem colocadas. O colégio ocupa praticamente um quarteirão inteiro da av. Paulista. É administrado pelos jesuítas e tem 2.300 alunos. A mensalidade é de R$ 1.200