Censo da educação
básica revela interesse pelo ensino profissionalizante
07/02/2007 14:09
O ministro da Educação, Fernando Haddad, o presidente do Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), Reynaldo
Fernandes, e técnicos do instituto divulgaram nesta quarta-feira, 7, no MEC, os
resultados do Censo Escolar da educação básica. Os índices revelam que houve
queda de 1,3% nas matrículas do ensino médio, ao mesmo tempo em que as
matrículas da mesma modalidade que oferece ensino profissionalizante cresceram
5,3% em relação a 2005. Este percentual representa 37.424 matrículas a mais
neste nível de ensino.
“A educação profissional pode ser uma das soluções para resolver o problema
de atratividade do ensino médio e acompanhar as mudanças no mundo do trabalho”,
afirmou a diretora de estatística da educação básica do Inep, Maria Inês
Pestana. Ela destacou que o crescimento pode se revelar em tendência e se
repetir nos próximos censos, visto que os governos federal e estaduais estão
investindo na integração entre ensino médio e profissional.
O crescimento da modalidade é mais expressivo em estados
do Nordeste, cujo aumento das vagas na rede estadual de
ensino foi de 290,8%, com destaque para Pernambuco (900,9%), Alagoas
(505,2%) e Paraíba (377,2%). Tocantins também registrou aumento (808%) no
ensino profissional. No Amazonas, o crescimento foi de 330,9%.
Em relação a todos os níveis da educação básica — infantil, fundamental e
médio — houve queda de 0,9% nas matrículas, porém o comportamento é desigual
nas diferentes etapas. A matrícula nas creches cresceu 1%, mas a pré-escola
decresceu 3,5% e o ensino fundamental perdeu 251.898 matrículas, o que
corresponde a 0,8% do total.
Queda nas matrículas — Segundo Maria Inês,
a queda nas matrículas da pré-escola poderia ser explicada pela implantação do
ensino fundamental de nove anos. A criança de seis anos que, tradicionalmente,
iria para a pré-escola, agora matricula-se no primeiro ano do ensino
fundamental, que registrou aumento de matrículas, entre 2005 e 2006, de 47,3%.
Já as quedas nas matrículas do ensino fundamental estariam relacionadas à
queda das taxas de natalidade, que ocorrem desde 1982, e à regularização do
fluxo de atendimento de alunos nas redes de ensino. Como o número de
repetências se estabiliza e os alunos ingressam nas séries correspondentes à
sua faixa etária, evitando demanda excedente, o número de matrículas cai. “Em
1988, por exemplo, tínhamos as matrículas dos alunos novos, mais cerca de 20%
de repetentes e vários que ingressavam tardiamente, mostrando que atendíamos
mais gente do que deveríamos. Quando o sistema vai resolvendo os problemas, ao
regularizar o fluxo e diminuir as repetências, é natural que o número de
matrículas caia”, explicou Maria Inês.
Em relação aos aspectos da educação avaliados, o ministro Fernando Haddad,
adiantou que, no mês que vem, como parte de um plano do governo federal para o
setor, será divulgado um índice inovador capaz de medir aspectos qualitativos
das políticas de educação. Será possível verificar, por exemplo, o impacto na
educação dos alunos de recursos destinados à formação de professores, à
implantação de laboratórios de informática ou referentes à distribuição de
livros didáticos.
Maria Clara Machado