Marina Gonçalves Buzzo. O DIÁRIO DE LEITURAS: UMA EXPERIÊNCIA DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS (EJA). 01/03/2003
1v. 166p. Mestrado. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - LINGÜÍSTICA APLICADA E ESTUDOS DA LINGUAGEM
Orientador(es): Anna Rachel Machado
Biblioteca Depositaria: PUC/SP
Email do autor:
MBUZZO@TERRA.COM.BR
Palavras - chave:
DIARIO DE LEITURAS, JOVENS, EDUCAÇÃO, ADULTOS, EJA
Área(s) do conhecimento:
LINGÜÍSTICA APLICADA
Banca examinadora:
MARIA DO CARMO MARTINS FONTES
Linha(s) de pesquisa:
LINGUAGEM E TRABALHO A PRESENTE LINHA DE PESQUISA INVESTIGA OS
PROCESSOS E MECANISMOS INTERACIONAIS E DISCURSIVOS PRESENTES NAS RELAÇÕES DE
TRABALHO
Dependência administrativa
Particular
Resumo tese/dissertação:
A Educação de Jovens e Adultos (EJA), na E.E. da Lapa, São Paulo, tem um grande desafio: o de realfabetizar, desinibir e motivar seu aluno a ler, a compreender textos e a produzir outros, pois são esses os objetivos básicos de EJA, para o processo de ensino-aprendizagem. Assim, o motivo que me levou à reflexão foi a desmotivação para o hábito de leitura, por parte dos alunos, que chegavam nessa instituição com um único objetivo em mente: obter apenas o certificado de conclusão do curso EJA1, do Ensino Fundamental II, devido às exigências do mercado de trabalho. Todos, sem exceção, traziam e trazem sérios problemas a serem resolvidos no curto tempo desse curso (semestral), pelo fato de estarem há muito tempo afastados da sala de aula. Como esse é um dos fatores que impedem a realização dessas metas, introduzimos o diário de leituras como o instrumento didático preferencial para tentarmos alcançá-los. É importante destacar que a compreensão responsiva ativa, um dos aspectos da visão de linguagem bakhtiniana, serviu-me de base para introduzir o diário de leituras como instrumento de ensino-aprendizagem de leitura e de produção textual na disciplina de Língua Portuguesa nessa instituição. O objetivo central desta dissertação de mestrado é verificar se a experiência didática de produção de diários de leitura atingiu os objetivos propostos nas instruções que para ela foram dadas, e seus objetivos específicos são: a) verificar como as instruções foram seguidas pelos alunos; b) comparar as formas de cumprir as instruções entre diferentes sujeitos; c) verificar se há diferenças significativas - e quais são elas - entre diários da terceira produção e diários da última produção dos alunos. Os dados foram coletados no decorrer do curso de Língua Portuguesa, por mim ministrado a alunos de 7ª série da EJA e analisados numa abordagem interpretativista e de base enunciativa, inspirada no conceito de compreensão responsiva ativa, de Bakhtin (1953/1997). Os resultados mostram que os diários apresentam características individualizadas, no tocante à forma como foram seguidas as instruções e até mesmo na sua extensão. Mostram também que os alunos, no mínimo, começaram a desenvolver um certo domínio na produção de textos pertencentes a esse gênero. Finalmente, após a análise e a avaliação da proposta didática e teórico-metodológica apresentadas nesta dissertação, postulo a adequação e a produtividade da inclusão do diário de leituras como instrumento fundamental de ensino interdisciplinar. A prática desse gênero permite que professores e alunos dialoguem, e também que os alunos aprendam as estruturas da língua, por meio da escrita, sem permanecerem na "mesmice" alienante e desinteressante oferecida pelo L.D.2 Além disso, o uso dos diários motiva o aluno a ler, desenvolve o senso crítico, visível na liberdade de expressão, uma vez que a leitura fica centrada no significado mais amplo do texto; significado que não se confunde com o que o texto diz. Além do mais, o diário de leituras, juntamente com o ensino das instruções e da aplicação dos procedimentos didáticos utilizados nesta pesquisa, poderão assegurar, sem dúvida alguma, um aprendizado efetivo e rápido, e a transformação de um aluno passivo, tradicionalmente preso às atividades impostas e restritas do L.D., num leitor/produtor competente, crítico e, sobretudo, responsivo ativo, em face de qualquer que seja a situação de interação comunicativa.