Banca
com três especialistas dará a nota final da redação do Enem
29/02/2012
Medida
será adotada quando houver discrepância após duas correções do texto
BRASÍLIA.
Uma banca com três especialistas dará a palavra final na correção das redações
do próximo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em novembro. Atualmente, isso
é feito por apenas uma pessoa, sempre que há diferença superior a 300 pontos
nas notas atribuídas pelos dois avaliadores encarregados de ler os textos
inicialmente. Outra novidade será a redução da margem de discrepância que torna
obrigatória a revisão da nota por um terceiro avaliador. Hoje a distância tem
que ser superior a 300 pontos. O Ministério da Educação (MEC) ainda não definiu
o novo limite, que já foi maior em edições anteriores e vem caindo. Por ora,
sabe-se apenas que ele ficará abaixo de 300 pontos, aumentando assim o número
de casos em que a nota final será dada pela banca de especialistas.
As
mudanças têm como objetivo melhorar o sistema de correção das redações. A cada
Enem, participantes acusam os corretores de subjetividade e vão à Justiça na tentativa
de alterar os resultados. O novo sistema de correção está sendo preparado pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep),
órgão do MEC responsável pelo exame. A proposta será submetida ao ministro
Aloizio Mercadante, que já anunciou a decisão de mexer na atual metodologia de
correção das redações. Mercadante quer diminuir a margem de subjetividade
inerente ao processo. A equipe do Inep pretende
qualificar os corretores. A ideia é reforçar a capacitação desses
profissionais, com ênfase ainda maior nos especialistas que vão compor as
bancas.
—
Queremos 500 pessoas de alto nível — diz quem acompanha de perto a elaboração
da proposta. — Precisamos treinar cada vez mais. Em outra frente, o Inep criará uma comissão técnica com nomes indicados pela
Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave).
A ideia é que esse grupo apresente sugestões para aperfeiçoar o exame do ponto
de vista acadêmico. Um comitê com representantes
de universidades públicas também acompanhará a preparação do teste. O Enem de
2012 será o quarto desde que o exame foi reformulado e passou a substituir
vestibulares de universidades federais, em 2009. O Inep
chegou a anunciar a realização de duas edições em 2012, mas desistiu. A ex-presidente
do instituto Malvina Tuttman assinou portaria nesse
sentido e foi demitida por Mercadante, que em janeiro substituiu o então
ministro Fernando Haddad.
As
últimas três edições do Enem foram marcadas por problemas. A primeira foi
cancelada dois dias antes da aplicação do teste, por causa do furto de questões
numa gráfica de São Paulo, e acabou sendo realizada meses
mais tarde. Em 2010, houve erros de impressão em parte dos cadernos de prova e
em todas as folhas de resposta. No ano passado, o MEC anulou o exame de
estudantes de um colégio particular em Fortaleza que teve acesso antecipado a
questões pré-testadas na escola.
Demétrio Weber
O Globo - Rio de Janeiro RJ