BAIL, Viviane Schumacher. "Educação Matemática de Jovens e
Adultos, Trabalho e Inclusão". 03/05/02
Orientador: Profª. Drª. Dione Lucchesi de Carvalho
Argüidores: Prof. Dr. Ademir Damásio
Prof. Dr. Carlos Alberto Lucena
RESUMO DA OBRA:
A Formação para o Trabalho e a Cidadania deveriam ser norteadores da discussão nas escolas, principalmente para os trabalhadores adultos que voltam a estudar. As experiências profissionais poderiam gerar atividades interdisciplinares nas aulas de matemática, contribuindo para a inclusão do aluno na sociedade. O Mundo do Trabalho e a Sociedade, com a introdução da robótica/informática, apresentam exigências, e cabe à escola perceber e planejar as mudanças necessárias. Acompanhando o desenvolvimento científico e tecnológico, e, com a ampliação de espaços democráticos na sociedade, como conselhos, associações, sindicatos, partidos, exige-se do sujeito uma maior qualificação na forma de trabalhar em grupo, na criatividade, flexibilidade do pensamento, oralidade/subjetividade, iniciativa, autonomia. Como as aulas de matemática, na maioria das escolas, continuam sendo ministradas do jeito tradicional, que Paulo Freire chamou de "Educação Bancária", foi escolhida uma 5a série de Educação de Adultos em uma escola da rede pública estadual, localizada na cidade de Joinville, e realizou-se aí uma pesquisa com 20 alunos. Os instrumentos utilizados compreenderam: observação das aulas, entrevista com o Professor de Matemática da classe e intervenção nas aulas de Matemática. Nessa intervenção aconteceram uma apresentação do pesquisador aos alunos, uma dinâmica de grupo para observar como era a relação entre eles e quais objetos eram significativos e uma apresentação individual para a turma, cada um deles contando um pouco da sua vida. Também foram realizadas atividades em grupo sobre uma tabela de preços de gasolina e álcool e sobre as atividades profissionais dos alunos, elaborando em conjunto problemas que envolviam os que trabalhavam em serralharia, cartório, como eletricista e na construção civil. O grupo de alunos apresenta grande diferença de idade, são oriundos 13 bairros da cidade, a maioria imigrantes, com um histórico de muitas reprovações. Durante os trabalhos em grupo notamos uma boa receptividade, os alunos tentando resolver os problemas e atividades propostas com a ajuda de um colega - mediador da aprendizagem. As atividades escolhidas contribuíram para quebrar a passividade a que estavam submetidos. Destaco nas atividades em grupo a importância da oralidade empregada na defesa de idéias, o que certamente contribui para a autonomia do aluno. Concluímos que essa dinâmica foi aplicada observando a lógica estabelecida na escola, mas que pode ser ampliada, principalmente no campo dos direitos trabalhistas e sociais. Mostrou toda uma riqueza de experiências e trajetórias de vida que oferecem uma base interessante para o desenvolvimento de estruturas lógicas que contribuam para o estudo da realidade. O desenvolvimento afetivo com o professor e com a disciplina precisam ser considerados, bem como a contextualização da matemática, adaptando-a à idade e aos interesses desse aluno adulto, para que ele não seja novamente excluído. Cabe também à escola promover um trabalho em equipe com os professores para uma melhor definição de conceitos e engajamento no trabalho. Finalmente, esta pesquisa comprovou que se consegue propor uma mudança em sala de aula, envolvendo a disciplina de matemática numa perspectiva interdisciplinar, que contribua para a inclusão do aluno na sociedade.