Brasil Alfabetizado chega aos pescadores de Xique-Xique

25/08/2005 19h28

 

Xique-Xique, cidade ribeirinha de 50 mil habitantes a 570 km de Salvador, tem 2.700 pescadores acima de 15 anos de idade que não sabem ler nem escrever. A situação vai mudar a partir de outubro, quando a comunidade começar a ser alfabetizada. Xique-Xique faz parte do projeto-piloto de alfabetização de pescadores, que será implantado também em Ibotirama, Barra, Remanso e Pilão, nas proximidades do rio São Francisco.

 

As prefeituras firmaram convênio com o programa Brasil Alfabetizado e terão apoio da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), além de parceria com a Agência Espanhola de Cooperação Internacional (Aeci) e a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) para realizar o projeto, que será executado pela Universidade Estadual da Bahia (Uneb).

 

“É uma parceria importante, estamos trabalhando com equilíbrio, o que nem sempre é fácil”, explicou o diretor do Departamento de Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), Timothy Ireland. Segundo ele, o projeto na Bahia atende a uma das prioridades de 2005 do programa Brasil Alfabetizado, que é dar atenção aos pescadores, pessoas em conflito com a lei, quilombolas, portadores de necessidades especiais e trabalhadores do campo.

 

A representante da Secretaria de Educação Municipal de Xique-Xique, Itamar Nery, esteve em Brasília para a Oficina de Educação: as Experiências em Comunidades Pesqueiras, que terminou nesta quinta-feira, 25. Ela explica que os pescadores estão entre as comunidades mais excluídas, sem horário de trabalho certo, carteira de trabalho e benefícios.

 

“Há muitas crianças e jovens que abandonam os estudos e não querem seguir a profissão dos pais, os pescadores”, diz Itamar. “Esperamos com a alfabetização valorizar a cultura deles e oferecer melhores condições de vida”. Segundo ela, a evasão na região ocorre pela dificuldade dos alunos de assistir às aulas no período de pesca. “Mas o curso será ministrado na época do defeso (quando a pesca é suspensa para procriação)”.

 

Integração – Além de Xique-Xique, representantes dos outros quatro municípios, do MEC, Uneb, Seap e entidades representantes dos pescadores participam da oficina. “Discutimos as experiências na educação de pescadores para integrá-las”, diz a coordenadora do projeto Pescando Letras na Seab, Maria Luiza Moretzohn. O projeto-piloto no médio São Francisco destina-se a 1.700 pescadores, no início. Mais informações pelos telefones (61) 2104-9400 ou 0800-616161.

 

Repórter: Susan Faria

 

FONTE:

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=content&task=view&id=2629&FlagNoticias=1&Itemid=2753