Brasil Alfabetizado alcança um milhão de adultos

08/07/2003

 

Na próxima semana, o Programa Brasil Alfabetizado, do Ministério da Educação, terá um milhão de adultos aprendendo a ler e escrever. Ao anunciar a nova marca do programa hoje, 8, o ministro Cristovam Buarque reiterou a meta de abolir o analfabetismo no Brasil em quatro anos.

 

Cristovam Buarque participou no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, da aula inaugural dos alunos do projeto Todos lendo na Esplanada, que vai alfabetizar 150 funcionários terceirizados que prestam serviços aos ministérios, ao Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto. Também estavam presentes à aula outros 250 adultos recém-alfabetizados, dos municípios de Acauã, Guaribas e Raimundo Nonato (PI), pelo programa de alfabetização do Geempa (Grupo de Estudo, Educação, Metodologia, Pesquisa e Ação), coordenado pela ex-deputada Esther Grossi.

 

O ministro destacou a importância de projetos como o do Geempa e afirmou que, se Deus tivesse criado o décimo primeiro mandamento, este seria: “Ensinarás o teu próximo a ler”, convocando todos a se “transformar em soldados” da campanha do Brasil Alfabetizado.

 

Cristovam também lembrou que o País “tem pressa” e que nunca é tarde para aprender. Ele citou o exemplo de dona Júlia, uma senhora de 107 anos, de São Carlos (SP), que está sendo alfabetizada e convocou os alunos que vão iniciar a alfabetização e os recém-alfabetizados do Piauí para que continuem os estudos e levem outros à escola.

 

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também presente ao evento, destacou a importância da abolição do analfabetismo. “O governo Lula está oferecendo a outra face”, disse ela, enumerando as bandeiras da Educação de qualidade, da vida digna, do primeiro emprego, do Programa Fome Zero.

Ela lembrou ao ministro Cristovam que não seria necessário o décimo primeiro mandamento, pois no “amar ao próximo” já está incluído o fim do analfabetismo.

 

Emoção – O rosto queimado de sol e as mãos calejadas de trabalhar na terra revelam a vida dura no interior do Piauí, em uma cidade que até pouco tempo era desconhecida da maioria dos brasileiros. Mas, o sorriso traz a esperança de uma nova etapa. Dona Esmeralda Soares mora em Acauã (PI), tem seis filhos, 14 netos e com orgulho completa, este mês, 50 anos sabendo ler e escrever. “Fiz Mobral, mas mal conseguia fazer meu nome. Tinha muita dificuldade com as letras”, diz ela. Agora, orgulhosa, dona Esmeralda se sente uma cidadã completa e voltará para sua cidade natal com um incentivo a mais para não desistir dos estudos. “Apertar a mão do presidente Lula ontem (7) foi um privilégio”, se emociona.

 

Esmeralda e outros 95 alunos de Acauã estiveram na Base Aérea de Brasília com o presidente da República. “Foi um presente de formatura para eles”, destaca a secretária municipal Luzinete dos Anjos Gomes. “O encontro foi rápido, pois o presidente precisava embarcar para São Paulo, mas inesquecível para todos nós. Entregamos a ele as cartas dos alunos que não vieram a Brasília, mas já são alfabetizados agora”.

 

O projeto de Acauã faz parte do Programa Fome Zero e pretende alfabetizar dois mil jovens e adultos. No último dia 16 de junho, se formaram 455 alunos de 24 turmas. Cada professor recebeu, durante três meses, R$ 100/aluno. Os alunos também são remunerados. Na formatura, como incentivo, recebem R$ 100 pelo bom êxito na alfabetização. “Acreditar é a palavra-chave. Nós, professores, temos a missão de transformar o Brasil em um país melhor”, conclui a alfabetizadora Eliana Rodrigues, de Guaribas (PI), onde se formaram 106 jovens e adultos.

 

Incentivo - A experiência dos piauienses incentiva novos alunos, como Antônio Bezerra Filho, 48, funcionário da limpeza na Câmara dos Deputados. “Espero aprender como os colegas do Piauí e me formar daqui a 3 meses”, diz ele, que, pela segunda vez, se inscreve em um curso de alfabetização. Vicente Matos, funcionário terceirizado da Esplanada dos Ministérios, também está esperançoso. “Peço a todos aqui que não desistam de aprender a ler e escrever. É muito ruim pedir para alguém ler a placa de um ônibus para poder se locomover”, lembra o futuro estudante das 15 turmas de alfabetização do projeto Todos lendo na Esplanada.

 

 

Repórter: Marcela Gracie

Editora Web: Irla Maia

 

FONTE: http://www.mec.gov.br/acs/asp/noticias/noticiasDiaImp.asp?id=3846