> Estado de Minas, 15/03/2007 - Belo Horizonte MG

Avanço na profissionalização

Em quatro anos, Minas Gerais deve ganhar mais 11 escolas técnicas. Expansão da rede vai permitir que os jovens avancem no campo de trabalho, com a maior qualificação

Fábio Fabrini 

 

O governo federal pretende construir, em quatro anos, mais 11 escolas técnicas em Minas Gerais, com o objetivo de capacitar profissionais para o trabalho na indústria, construção, agronegócio e outros setores considerados chave para o desenvolvimento. A expansão da rede, que atualmente conta com 22 unidades no estado, será anunciada hoje pelo ministro Fernando Haddad, que apresenta, em Brasília, as medidas previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a Educação. A formação profissionalizante é um dos pilares do pacote, que visa atacar o déficit histórico nessa área. Cada um dos centros deve abrir, em média, 1,8 mil vagas. Em todo o país, a previsão é de que 150 novas escolas sejam erguidas. O governo vem tratando a ampliação como a maior desde a criação dos primeiros centros federais de educação tecnológica (Cefets), em 1909. O projeto custará R$ 1 bilhão, somadas as despesas com construção, compra de equipamentos, contratação de professores e custeio. O Ministério da Educação (MEC) priorizou as regiões com maior déficit na área de ensino técnico. Para definir os municípios contemplados, usou a classificação de cidades-pólo dos ministérios da Indústria e do Comércio e da Agricultura – aquelas que têm maior capacidade produtiva.  Em Minas, as unidades vão ficar em Montes Claros, Muriaé, Contagem, Governador Valadares, Ituiutaba, Pirapora, Almenara, Paracatu, Arinos, Formiga e Curvelo (veja mapa). A promessa é de que elas estejam em pleno funcionamento até o fim do governo Lula, em 2010. O secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Eliezer Pacheco, explica que todas vão funcionar como unidades descentralizadas, vinculadas aos Cefets. Trata-se de uma estratégia para agilizar a construção, pois, para dar independência às novas escolas, seria necessário aprovar projetos de lei no Congresso, transformando-as em autarquias. A idéia é que, inicialmente, a rede ofereça vagas de nível médio e, num segundo momento, de graduação e pós-graduação. A escolha dos cursos será feita em audiências públicas, de acordo com o perfil econômico de cada município. Como contrapartida, o MEC pedirá às prefeituras a doação de prédios ou terrenos com no mínimo 20 mil metros de área – nos próximos dias, será publicado edital de convocação na internet, para que elas informem qual estrutura podem doar. O investimento para construir e equipar uma escola é, em média, de R$ 5 milhões. GARGALO O secretário diz que a profissionalização é, hoje, um dos maiores gargalos do mercado de trabalho brasileiro, além de essencial ao desenvolvimento. “Sem mão-de-obra qualificada, não há crescimento. Além do mais, a formação é um dos maiores problemas para o jovem conseguir o primeiro emprego”, justifica, acrescentando que, além das 11 novas escolas, outras quatro, em Timóteo, Nepomuceno, Congonhas e Varginha, estão em fase final de implantação. A carência de vagas no setor pode ser atestada pela concorrência nos vestibulares da rede federal. O Cefet-MG, um dos maiores do país, oferece, anualmente, 900 vagas de nível médio em suas unidades em BH e interior, que chegam a ser disputadas por 13 mil candidatos, muitos deles vindos de longe. Um lugar na sala-de-aula pode ser pleiteado por até 37 pessoas, dependendo do curso. Em geral, a formação leva três anos, acrescidos seis meses de estágio. A maioria dos alunos tem de 14 a 20 anos. Levantamento da instituição mostra que 94%, depois de receber o diploma, conseguiram emprego na indústria. A vice-diretora do Cefet-MG, Maria Inês Gariglio, destaca que as regiões de Minas mais contempladas pelo pacote tecnológico são justamente as menos desenvolvidas: Norte, Leste, Nordeste e Noroeste. “Elas são as que mais precisam desenvolver seus parques industriais para crescer”, comenta.