Ameaça ao Sistema S

Há mais de 60 anos, qualifica profissionais

Ronaldo Scucato - Presidente do Sistema Ocemg/Sindicato e Organização das Cooperativas de Minas Gerais (Sescoop-MG)

Estado de Minas, 01/07/2008 - Belo Horizonte MG

 

 

Investir em capacitação é fundamental frente à crescente exigência do atual mercado de trabalho. Diante disso, é preciso enfatizar que o Sistema S é o único que capacita mão-de-obra no Brasil: a experiência comprova. Há mais de 60 anos formando e qualificando profissionais, as instituições desse sistema – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), entre outros – contribuem para o desenvolvimento da nação e atendimento às exigências do mercado. Essas entidades privadas de serviço social e formação profissional se mantêm com contribuições cobradas sobre a folha de pagamento de empresas afiliadas. Lembramos que, desde sua criação, na década de 1940, o Sistema S tem liberdade sobre a destinação e prioridades no que se refere à verba arrecadada. No segmento cooperativista, não é diferente. Reconhecemos o excelente trabalho desenvolvido ao longo de décadas pelo Sistema S, com transparência e  responsabilidade. Sabemos, mas o governo federal parece desconhecer esse trabalho, que, anualmente, insere milhares de jovens no mercado, cada vez mais competitivo. É, talvez, por isso que os ministros da Educação, Fernando Haddad, e do Trabalho, Carlos Lupi, estejam propondo mudanças no atual modelo de gestão do Sistema S. O cooperativismo acredita que a proposta embute um cunho intervencionista, que parte de premissas equivocadas ao criticar a gestão dos serviços sociais e de aprendizagem. Além disso, o segmento teme que a medida provoque o déficit de recursos humanos qualificados e uma crescente desatualização tecnológica dos setores. A leitura do segmento em relação à proposta do governo federal é que ela é uma excrescência: propõe que a União monitore recurso privado. Será o Estado, que não cumpre com sua função constitucional de dar acesso à educação para a sociedade, o melhor gestor para a capacitação profissional? Muito faz quem pouco atrapalha. Essa máxima deveria ser observada por aqueles que desejam, não se  sabe com qual intuito, interferir em um sistema que comprovadamente dá certo. O cenário é preocupante e de muita indignação.

As empresas que detêm a aplicação de recursos do Sistema S estão unidas e se manifestam contrárias à proposta. A propósito, as contas das entidades componentes do Sistema S são submetidas a rigoroso controle, a exemplo da auditoria interna; conselho fiscal e administrativo regional; Controladoria-Geral da União no estado; Ministério do Trabalho e Tribunal de Contas da União (TCU), entre outros. Há muito o cooperativismo defende a profissionalização e a qualificação de mão-de-obra no setor e tem-se a convicção de que essa premissa vale para todo o Brasil. No atual modelo, cooperativas e empresários do Sistema S já contribuem. Diferentemente desses setores serem prejudicados, deveriam ter benefícios por bancar a qualificação dos que contribuem para o crescimento do país. O setor cooperativista espera que o bom senso prevaleça!