Alunos de metalurgia do Proeja no ES protestam
contra fim de curso
Membro da coordenadoria diz que
alunos do Proeja não têm base. Ifes diz que
"processo de extinção está tramitando internamente".
23/06/2015
Alunos do
Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), do
Programa de ensino para Jovens e Adultos (Proeja), fizeram um protesto nesta
terça-feira (23) contra o fechamento do curso técnico integrado de metalurgia,
dentro do Campus de Vitória.
Segundo os
alunos, o anúncio de que não seriam mais abertas turmas para o ano de 2016 foi
feito pelo coordenador do curso de metalurgia da instituição há duas semanas.
"Ele passou
nas salas avisando que não seriam mais abertas turmas de Proeja para o curso de
Metalurgia. E o motivo, de acordo com ele, é porque os alunos não atendem ao
perfil desejado pela indústria. Para nós, não faz sentido e ainda é revoltante.
Quem estuda no Proeja está sendo reintegrado. É uma oportunidade que não pode
acabar", disse o aluno do curso do Proeja de metalurgia, Marcos Barbosa.
A resposta do
coordenador se tornou ainda mais vaga para os estudantes devido ao Ifes também oferecer o curso técnico na mesma área, voltado
a alunos que já fizeram o ensino médio, e a graduação de engenharia.
Coordenação
Um membro da
coordenadoria explicou que a decisão de fechamento do curso se dá porque os
alunos do Proeja não têm base educacional.
“O curso exige
uma base mais sólida de ensino médio, o pessoal que faz o pessoal do Proeja não
traz essa formação. Esse curso tem uma quantidade de anos enorme e sempre teve
esse problema. Só porque o programa é do governo, não quer dizer que toda
coordenaria de ensino aceite. Esse projeto do Proeja não é nosso”, disse um dos
membros.
Ifes
Em nota, o
Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) disse que
"o processo de extinção do Técnico em Metalurgia na modalidade Proeja está
tramitando internamente e será avaliado posteriormente pelo Conselho Superior
da instituição, que definirá se o curso será extinto ou não. A suspensão da
oferta só ocorreria a partir do ano que vem, caso a extinção do curso se
concretize. Se isso acontecer, a proposta do Campus Vitória é ofertar um novo
curso na modalidade Proeja. Atualmente, 22% das vagas ofertadas pelo campus são
nessa modalidade".
Proeja
O Programa
Nacional de Integração da Educação Básica com a Educação Profissional na
Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja) foi criado em 2006 pelo
Governo Federal.
O objetivo do
programa é trazer às salas de aulas alunos que não tiveram a oportunidade de
cursar os ensinos fundamental ou médio na idade regular, oferecendo-os também
uma profissionalização.
Público
A maior parte
dos alunos do Proeja estuda no período da noite, e trabalha no contra turno.
São homens e mulheres, muitas vezes pais e mães de família, que têm idade entre
18 e 60 anos.
Na visão do
professor Hudson Cássio, que atua dando aulas para estas turmas, o Proeja
atende um público que por vezes teve o seu direito à educação privado na
sociedade.
"Só para
termos uma ideia, no ano de 2014, dos 612 alunos matriculados no Proeja dentro
do Ifes, 51% eram mulheres, e, no geral, 75% das
pessoas que estavam nessa modalidade eram negras e pardas. São pessoas que não
tiveram o acesso à educação de forma eficaz e que estão, por vezes, perdendo
essa chance por medidas como essas: de fechamento de cursos e logo a diminuição
de oferta de vagas", falou Cássio.
Cursos
Atualmente são
oferecidos na modalidade do Proeja, no campus de Vitória, os cursos técnicos de
Guia de Turismo, Segurança do Trabalho e Metalurgia; e a qualificação
profissional de Cadista para a Construção Civil.
Segundo dados
constados nos editais de processos seletivos da instituição, no ano de 2011, o Ifes oferecia 653 vagas aos cursos do Proeja, em seis campi
de ensino.
Em 2014, esse
número foi reduzido para 252, o que representa a perda significativa de 61% das
vagas que já não são mais ofertadas.
Dos seis campi
localizados no Espírito Santo, Alegre, Colatina, Itapina,
Santa Teresa, Venda Nova do Imigrante e em Vitória, quatro já não ofertam
nenhum tipo de curso voltado ao ensino de jovens e adultos que ainda precisam
concluir o ensino médio.
Além do campus
Vitória, oferece também cursos nessa modalidade o campus de Santa Teresa, que
destinou, nesse ano, 64 vagas para toda a população do município.