Aluno
do ensino médio na escola pública sabe menos que o do fundamental na particular
16/08/2012
Alunos
de colégios particulares, mesmo tendo estudado menos anos, sabem mais que os
estudantes de escolas públicas em séries superiores.
Os
conhecimentos de matemática e português de um aluno no 9º ano do ensino
fundamental (antigo ginásio) em colégio particular são maiores que os de
estudantes do ensino médio (ex-colegial) em escola
pública.
É
o que demonstram os dados da Prova Brasil de 2011, cujos dados foram divulgados
na terça-feira (14) pelo MEC (Ministério da Educação).
Um
aluno da rede privada sai dos anos finais do ensino fundamental (9º ano) com
pontuação 298,42 em matemática enquanto um aluno da rede pública termina o
ensino médio com conhecimento de 265,38 pontos na escala Saeb,
que vai de 0 a 500.
Em
português acontece o mesmo: na escola particular, o aluno do 9º ano tem
proficiência de 282,25. Já o estudante da rede pública alcança ao final do
ensino médio com 261,38 em português.
Diferença
socioeconômica
A
nota na Prova Brasil é `fortemente dependente do nível
socioeconômico`, segundo Romualdo Portela de
Oliveira, professor e pesquisador da Faculdade de Educação da USP (Universidade
de São Paulo). Se o estudante vem de uma família com mais dinheiro, ele tem
mais acesso a bens culturais que um aluno pobre.
É
como se aluno da escola privada saísse com 50m de vantagem numa corrida de
100m, exemplifica a diretora-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz,
fazendo, como ela mesma diz uma `simplificação tremenda`. Segundo ela, se essa diferença for retirada, `a
escola privada acrescentaria pouco`.
Por isso, o Estado precisaria `dar mais para quem tem menos` na visão de Priscila.
A
Prova Brasil é aplicada de dois em dois anos em praticamente todas as escolas
públicas e em algumas escolas particulares para medir o nível de conhecimento
dos alunos. Juntamente com a taxa de aprovação, a nota dessa prova compõe o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), também
calculado a cada dois anos.
Pior que o demonstrado
Por
causa da importância do componente socioeconômico, Portela de Oliveira analisa que `o resultado educacional [do Ideb
2011] é pior que o crescimento demonstrado`. Segundo
ele, uma parte dos crescimentos apresentados é `reflexo
do crescimento econômico do pais`. Ele também
considera importante contextualizar que o fato de existir um índice ajuda na
promoção da melhora dele mesmo. Ou seja, a partir do momento em que o Ideb se torna mais conhecido, os diretores e os professores
tendem a dar mais atenção à Prova Brasil e à taxa de aprovação (as duas
variáveis da nota) e esse movimento já auxilia no aumento das notas.
O
MEC divulgou o `boletim` da educação brasileira, com dados do Ideb.
O resultado, apesar do crescimento em todos os ciclos avaliados, ainda é
preocupante pois demonstra que a qualidade do ensino
avançou pouco em termos educacionais.
As
notas dos anos finais (5º-9º anos) do ensino fundamental (4,1) e do ensino
médio (3,7) cresceram apenas 0,1. O anos iniciais do
ensino fundamental (5,0) manteve o ritmo de crescimento de 0,4 como nas edições
anteriores.
`Nos
anos finais, também superamos a meta. Continua uma trajetória de crescimento
consistente, é um resultado bastante significativo, mas não teve a mesma
velocidade dos anos iniciais`,
afirmou o ministro Aloizio Mercadante (Educação) em coletiva de divulgação do Ideb.
Karina Yamamoto - UOL
Educação - São Paulo, SP