A hora e a vez dos cursos técnicos

Cada vez mais jovens escolhem o ensino voltado para a prática e o empreendedorismo, focado no mercado de trabalho

Estado de Minas, 26/02/2008 - Belo Horizonte MG

Ellen Cristie 

 

Os cursos técnicos estão em alta no Brasil. No último dia 19, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Cachoeiro do Itapemirim (ES) para o lançamento da segunda fase de expansão da rede federal de educação profissional. O projeto prevê o investimento de R$ 750 milhões na construção de 150 unidades de ensino em todo o país. A idéia é criar 500 mil novas vagas até 2010. Não há a menor dúvida de que a formação técnica ganha espaço em todo o país em decorrência do foco no mercado de trabalho. Em Belo Horizonte, várias escolas investem em temas relacionados ao empreendendorismo. É o caso do Sebrae, que desde 1994 mantém a Escola Técnica de Formação Gerencial, no Bairro Nova Suíça, Região Oeste da capital. O sistema é integral e a escola ensina não somente as disciplinas específicas, mas também matérias do ensino convencional. Em vários momentos, os alunos desenvolvem diversas atividades, como planos de  negócios, simulação de compra e venda, estágios em empresas e projetos de viabilidade econômica. Nina, Arnóbio, Thaís e Fernanda são estudantes do 3º ano do ensino médio do Sebrae e optaram pela formação técnica justamente porque viram na proposta uma oportunidade de aprender a partir da prática. Eles são unânimes em dizer que preferem passar o dia todo na escola a ficar em casa. Elber Sales, professor de marketing e orientador do Projeto Vitrine do Sebrae, ressalta que a estratégia da instituição é formar empreendedores, “para que os meninos não sonhem com empregos que não existem”. Entre outras práticas, existem três projetos que são desenvolvidos ao longo do ensino médio. O primeiro deles inclui tutoria e cursos que abordam etiqueta empresarial, postura e linguagem de negócios. Os jovens discutem cases empresariais e, a partir daí, no fim do ano, participam de uma feira de empreendedorismo com grandes autoridades na   área. “Os empresários, que em contrapartida divulgam suas marcas, montam restaurantes, boates e estandes. Os meninos adoram”, comenta o professor.

No 2º ano, o Projeto Vitrine permite que os alunos identifiquem, no mercado mineiro, oportunidades de negócios em qualquer área. Em seguida, eles desenvolvem um plano de viabilidade, além de buscar parcerias. “No ano passado, alguns alunos se uniram a estudantes do Cefet/MG e criaram uma bala antitabagista.” Em setembro, as propostas são levadas para a Feira do Empreendedor, no Expominas, e vários empresários se interessam pelas idéias dos jovens empreendedores. Por último, mais experientes, os estudantes fazem um diagnóstico empresarial e um estágio em alguma empresa. O relatório é entregue ao final do processo. “Nosso aluno é preparado para a vida. Muitos deles fazem vestibular, mas nosso foco realmente é o mercado de trabalho”, completa Elber.