Para João Roberto Ripper: “O papel da fotografia é se emprenhar cada vez mais em mostrar as belezas que são ocultadas e denunciar tudo o que prejudica esses trabalhadores e as populações menos favorecidas, que são massacradas com ações do Estado brasileiro. Através de seu braço, o Estado tem promovido uma matança nas favelas, comunidades indígenas e quilombos, além de despejos de trabalhadores rurais. Não é só quem está no governo, mas quem detém o poder de modo geral, tem implementado o ódio contra essas populações” (RIPPER, 2017).
Ripper, nascido em 1953, no Rio de Janeiro, é fotógrafo e fotojornalista autodidata.Iniciou sua carreira no jornal Luta Democrática e trabalhou também nos jornais Última Hora, O Globo e Diário de Notícias. No ano de 1985, juntamente com Ricardo Azoury e Rogério Reis, fundou a sucursal carioca da agência F4, uma das primeiras agências de fotografia independente do Brasil. Ao longo de sua carreira, desempenhou papel primordial na defesa dos direitos e na melhoria das condições de trabalho dos fotógrafos no Brasil, com intensa militância sindical na Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio de Janeiro, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro e, também, na Federação Nacional dos Jornalistas.
Sua relevante atuação nesse campo fez com que a Anistia Internacional ilustrasse, quase que exclusivamente com fotografias de sua autoria, o relatório publicado em 1988 sobre a Violência no Campo no Brasil. No início da década de 1990, criou a entidade sem fins lucrativos Imagens da Terra, voltada para a fotografia documental de denúncia, tendo como proposta colocar a fotografia a serviço dos direitos humanos. Publicou, em 2009, o livro “Imagens Humanas”, que apresenta 195 fotos selecionadas a partir de seu acervo constituído por cerca de cento e cinquenta mil imagens, bem como uma entrevista exclusiva, que é referência no cenário da fotografia documental brasileira. É também o idealizador e coordenador da Agência-Escola de Fotógrafos Populares do Observatório de Favelas, localizada no complexo de favelas da Maré. Estima-se, atualmente, que mais de quarenta trabalhadores oriundos da região atuem como fotógrafos profissionais, a partir da formação que tiveram nesse projeto.
Ripper, desde 2011, desenvolve a oficina Bem Querer, em vários Estados brasileiros, aberta a todo público interessado, em que analisa o seu trabalho, assim como o de outros fotógrafos humanistas e a sua importância na quebra de estereótipos e no uso da fotografia como ferramenta de transformação social. O engajamento na luta contra a desigualdade social e a sua imensa sensibilidade fazem da produção de Ripper uma referência essencial para a reflexão sobre a sociedade brasileira.
Fontes: Enciclopédia Itaú Cultural. João Roberto Ripper. Disponível em http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa19087/joao-roberto-ripper. Acesso: julho de 2019
Foto em Pauta. João Roberto Ripper. Disponível em: http://fotoempauta.com.br/joao-roberto-ripper/. Acesso: julho de 2019
Prêmio Pipa. João Roberto Ripper. Prêmio Pipa. Disponível em: http://www.premiopipa.com/pag/joao-roberto-ripper/. Acesso: julho de 2019
RIPPER, J. R. Entrevista concedida ao Brasil de Fato. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2017/09/27/joao-ripper-precisamos-de-pessoas-que-tenham-um-doce-olhar-sobre-o-povo. Acesso: julho de 2019
RIPPER, J. R. Imagens Humanas. Rio de Janeiro, Caixa Econômica Federal, 2009